quarta-feira, setembro 06, 2006

Regresso às aulas

O assunto do momento aqui na comunidade também chegou cá a casa. E foi pacífico, tal como se esperaria. Aliás, eu até estava à espera que depois de tanto tempo connosco, ela estranhasse mais. Mas depois da choraminguice da chegada no primeiro dia e a gritar pai (que depois durante o resto do dia já esteve bem), ontem quando lá chegou já virou costas e foi brincar. O pai ainda lhe conseguiu roubar um beijo e um xau mas o que ela queria mesmo era saber do recreio. Tenho a certeza que estava com saudades dos amigos e das rotinas da escola. Nas férias falou nos nomes das educadoras algumas vezes. E é giro que já os diz de maneira diferente. A evolução da linguagem nas férias foi realmente uma coisa assustadora. Nós demos conta disso e estivemos com ela todos os dias, mas quem não esteve ainda notou mais.

A sala é nova, a Táia continua lá para as brincadeiras e para a ensinar. Tem uma amiga nova para a ajudar, a Luxa (que ontem à saída também teve direito a beijinho espontâneo, tiveram todas as que lá estavam). A Inda foi tratar dos meninos de outra sala e deixa muitas saudades em todos. O recreio é novo, muito maior, com relva a sério, e muitos escorregas aos quais ela ontem fez questão de limpar o pó a todos várias vezes, enquanto eu tentava durante 20 minutos arrancá-la de lá para ir embora para casa. Ela adora o colégio e eu adoro que ela adore o colégio. Há mais crianças e mais ... Rapazes... (!!) e por isso ela gosta mais de brincar ali. (é nítida a preferência por rapazes / homens). E há os um-bocadinho-mais-velhos da sala ao lado que partilham o recreio com a turma dela. Também gostou da cozinha em miniatura que tem na sala, veio chamar-me para a mostrar.

No último dia de aulas antes das férias, a Inda escreveu no caderninho da Pipa, palavras que me fizeram vir as lágrimas aos olhos (e eu nem sou muito destas coisas). Além da Filipa ser uma bebé especial (para mim é com certeza mas fico feliz por saber que é para outras pessoas) é bom saber que as pessoas que tomam conta dela na nossa ausência, sentem a confiança que nós temos nelas e que ambos tentámos passar ao longo do último ano. E não podia deixar de escrever aqui um muito sentido "obrigada Inda". Por tudo!

A verdade é que somos descomplexados nestas coisas. Eu até mais que ele. Às vezes digo que sou desnaturada ou anti-galinha mas a palavra melhor saiu da boca desta menina no outro dia e foi: racional. Eles têm de ir para a escola, boa? Mais cedo ou mais tarde vão, porque a vida é mesmo assim. Então não vale a pena stressar sobre o assunto. Jamais me ocorreria ficar em casa com ela porque tenho a certeza que daria em maluca com isso. Preciso de fazer outras coisas e ter conversas de gente grande (ainda que também se fale de fraldas!) E ela também precisa de crescer para o mundo. Durante a vida vai cruzar-se com inúmeras pessoas e vai ter de saber lidar com isso. Mais vale começar já, num ambiente do melhor que há. Cada um sabe de si mas para mim, até ver e só em circunstâncias muito particulares (e eu até conheço algumas noutras pessoas), é que poderia tomar outra opção que não a da escola que continua a ser a única que me parece boa a todos os níveis. Ajuda ter confiança a 200% na escola, é verdade, mas também vai um bocadinho de nós. Se eu não confiasse, se calhar não tinha telefonado apenas uma única vez para a escola a perguntar por ela, durante este mais de um ano. E foi no primeiro dia, aos 5 meses. Mas se eu não sentisse a alegria, boa disposição e profissionalismo quando entro por aquelas paredes se calhar não estava tão confiante. É tudo uma questão de sorte.

A poucos kms de distância, o primo Ique também começou a sua vida escolar. Pela primeira vez, com pouco mais de um ano, lá foi ele todo contente. De sorriso fácil e sempre bem disposto, virou costas ao pai e lá foi ele brincar. Ai é para eu ficar aqui? Então está bem. Ala que se faz tarde. Nem ai nem ui. Grande sobrinho, assim é que é!

Para todos os pais que estão agora a passar pela angústia de deixar os filhos na escola pela primeira vez (e apenas utilizo angústia pelo que leio já que não me identifico minimamente com o sentimento): relaxem! Eles adaptam-se melhor que nós. As vossas lágrimas não vão fazer passar as deles. Pelo contrário, podem agravá-las. Podem até chorar nos primeiros dias - mas não é verdade que eles choram por muitas outras coisas e também choram quando estão connosco? Podem até demorar uns dias a adaptar-se - mas não passámos já todos nós por isso? Mas depois da tempestade... vão ver que vai chegar o tempo em que eles não querem vir embora (eu que o diga), que os que comem mal vão na escola comer melhor (eu que o diga também), vão fazer amigos e aprender a partilhar brinquedos. Vão lidar com pessoas de várias idades. Vão crescer para o mundo. E vão ser certamente felizes. Também vão esmurrar o nariz (mas terão lá alguém que lhes vai dar beijinhos e ajudá-los a levantarem-se), vão apanhar varicela ou outra coisa qualquer (mas isso faz parte da vida e mais vale agora que depois), vão levar uma mordidela ou um puxão de cabelos de um coleguinha mais atrevido. Mas vão aprender a defender-se. A super protecção gera adultos inseguros, penso eu de que. E não me venham com as tretas de que eles não aprendem nada na escola e que não interagem até aos 3 anos porque isso é mentira, venham as teorias que vierem, fico na minha. Por muito que nós puxemos por ela e que lhe tenhamos ensinado muitas coisas, houve muitas outras que não ensinámos e ela sabe. E só pode ter aprendido no colégio e em mais lado nenhum.

Quantos de nós não se recordam do stress de um primeiro dia de aulas ou do primeiro dia de um novo emprego? Por norma, os primeiros dias são complicados para toda a gente. É um mundo novo, afinal. Que eles vão conhecer e vão saber dar a volta por cima. Por isso, liguem os descomplicómetros, não fiquem inseguros e vai correr tudo bem, se não for nos primeiros dias, há-de ser logo depois. Boa sorte a todos!

E depois, estes são ou não são os melhores anos da nossa vida?
(mal posso esperar para ir comprar a lista de material escolar, ai as saudades desses tempos...)

3 comentários:

Mãe das filhotas disse...
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Mãe das filhotas disse...

Percebo tão bem o que estás a dizer e concordo a 100%. As minhas filhas (7 e 2 anos) também já choraram algumas vezes para ficar na escola, mas sempre lá ficaram. Ás vezes vinha eu a chorar, mas elas nunca souberam ou viram. Sei que tem de ser e é mesmo o melhor para elas. Há que aceitar e tirar o melhor partido das coisas. É como dizes, ser realista. Não sei qual será a escola de que falas, mas tenho a mesma sorte de as ter numa escola fantástica com pessoas maravilhosas em que confio imenso. É bom ver alguém expressar essa opinião tão claramente. A escola faz mesmo muito bem! Pelo menos a mim fez e às minhas filhas também está a fazer.

Anónimo disse...

Assim não vale! Agora fui eu que fiquei mais uma vez com a lágrima no olho! Adoro-te Pipa :)
Bjs mto grandes, Zinda