segunda-feira, julho 03, 2006

Os melhores anos

da minha vida pré-adulta, foram, sem dúvida alguma, passados aqui. Quase 20 anos depois do último dia de aulas (algures no mês de Junho dos idos anos de 1987) no passado sábado voltámos à escola que nos viu crescer, para um encontro de antigos alunos.

E enquanto andávamos por aqueles caminhos que calcorreámos tantas vezes, a queixar-nos da injustiça que era fazerem uma gincana com perguntas que não eram do nosso tempo, e a tentar subornar alguns professores que também tinham sido nossos, para nos darem as respostas, como o nome dos cavalos da escola de equitação que agora existe ou os recordes da natação (não havia cavalos em 87 mas havia piscina!), vieram-nos à memória as inúmeras histórias que ali vivemos e das quais aquelas paredes e muros e recreios e salas de aula são os melhores testemunhos.

Como o Cedro, o pastor alemão do fundador, Dr. Nabais, que nos vigiava as provas de entrada no colégio e que eu fiz para entrar para o 1º ano do ciclo (que na altura o ciclo era só o 5º e o 6º). Como daquela vez em que nos perdemos em Óbidos e quando já estávamos a encontrar o caminho de volta, voltámos a perder-nos propositadamente para ficarmos ali mais tempo. Ou quando éramos chamados ao director por estarmos a conversar com os rapazes em posições menos próprias (que na altura significava apenas estar sentada em cima do muro com um deles de pé com o cotovelo apoiado na nossa perna). Ou o aluno virtual inventado pela nossa turma, o Menezes, que servia para pôr a cabeça em água ao prof. de Francês que já de si era muito distraído. Quando lhe perguntávamos pelo teste do Menezes, ele respondia que ainda não tinha corrigido ou que não se lembrava da nota. Ficámos a saber que ao fim deste tempo todo, ainda se fala do Menezes no colégio, o aluno que nunca existiu!

Lembro-me de numa aula termos deixado a prof. de Fisico-Química a chorar porque não nos calávamos nem por nada, das fórmulas de química escritas no estojo para os testes, única vez em que me lembro de ter copiado na vida. Ou melhor duas vezes. Também me lembro de ter trocado um teste com a Ana, era Francês? Acho que sim. De lhe ter colado o livro com fita-cola. (ela desta não se esquece!). Da viagem à Serra da Estrela no 2º ano do ciclo (seria) onde fiquei no quarto com a Sara (que é feito de ti, miúda?) e onde acordámos a meio da noite a pensar que já era de dia e tinham ido para a neve sem nós. Da viagem de finalistas do 9º ano (tantas trocas e baldrocas meu deus...), dos "túbaros" de carneiro que comemos no colégio das freiras em Badajoz (seria Badajoz?), da música no quarto até altas horas, da cerveja que provei e detestei (deve vir daí o meu ódio à cerveja). Do muito que cantámos e nos divertimos. De como só se ouvia U2, U2, U2...

Recordo-me do Abílio ter engolido a tampa da cola na aula de Inglés e ter ficado roxo e de todas as cores porque estava a ficar sem ar. Do Xano e do seu alter ego Banana que tinha um grupo com outros colegas que eram os Bananóides. Do Rui Miguel que insistia em que lhe chamássemos Miguel e nós só para embirrar chamávamos Rui. Do Bonvalot ter bebido uma coca-cola inteira de seguida como aposta para que a Sara ficasse no colégio quando ela se queria ir embora no final do 8º ano (ele bebeu, ela não ficou). Do Godinho fazer guerras de aviões nos cadernos no meio das aulas. Do Lineu me ter incutido a minha paixão pelos Xutos (que dura e há-de durar para sempre) ao escrever letras das músicas dos Xutos nos meus cadernos. De jogar ao elástico e ao fugitivo na rua ao lado do campo onde os rapazes jogavam à bola e para onde nós corriamos no intervalo para os ver jogar. Do roncar dos Fórmula 1 no Estoril às sextas feiras em véspera de Grande Prémio que se ouviam perfeitamente em Meleças. Do Eduardo, aka Keny (não me lembro onde é que ele foi buscar esta!) . Dos autógrafos que andávamos sempre a pedir uns aos outros.

De como gostávamos de ir para o colégio aos sábados enquanto os nossos pais tinham reunião com a direcção e nós andávamos por ali à solta, sozinhas, a explorar todos os cantinhos (e eram muitos, para quem não conhece, o colégio é enorme) e a tirar fotografias nos sítios mais descabidos que encontrávamos e a ir espreitar a casa de banho dos rapazes nas Catacumbas (que era sítio onde nunca tinhamos entrado antes). Da neve que caiu uma vez e que nos fez vir a todos cá para fora brincar, à porta do ciclo. Das manobras que tinhamos de fazer para nos escaparmos aos apalpões dos rapazes quando iamos para as aulas de Meio Físico que ficavam lá ao fundo do corredor no ciclo. Do Filipe chorar baba e ranho porque não queria levar a vacina da BCG depois do rastreio que faziamos todos os anos no colégio (desculpa mas esta não podia faltar!). Dos rapazes dentro do armário no quarto da Sandra na Serra da Estrela no 9º ano (quem eram mesmo??). Da doçura da Prof. Ermelinda que ao fim de não sei quantos anos ainda perguntava por nós quando encontrava a minha mãe em Queluz.

Das conversas na sala das raparigas onde trocávamos discos dos Wham, do Bryan Adams, Spandau Ballet, Bon Jovi e do Nick Kershaw. Das aulas de ginástica onde quando nos diziam para fazermos aquecimento, eu apenas mexia os dedos mindinhos. Dos jogos de rugby em que raparigas contra rapazes, nós ganhávamos sempre porque o Stor Miranda ficava na nossa equipa e ele era mesmo jogador de rugby. De quando eu e a Ana (minha mana para todos os efeitos) nos escondíamos atrás da casinha que havia num canto do campo principal, quando nos mandavam correr à volta do campo e ficávamos ali a descansar até irmos dar mais uma voltinha. Dos corta-matos fora do colégio pelo meio das árvores onde agora é a nova estação de comboios. Do Filipe não querer nem por nada entrar dentro de água na piscina e tinha quase de ser empurrado. Do Sérgio e do Regalla terem ido para a rua em trabalhos Oficinais porque não conseguiam parar com a lenga-lenga do "Se é chato coça". De eu e a Ana termos ido para a rua na aula da Inglés, pela primeira e única vez na nossa vida porque a turma toda estava a falar e nós estávamos mesmo em frente à professora e calhou-nos na rifa (não ajustámos contas ainda neste encontro mas no próximo ano, não se escapa stora! :-)

Lembro-me de comermos castanhas assadas no Magusto feito ali mesmo, ao pé do ringue e de voltarmos lá no final para procurarmos castanhas perdidas e de algumas ficarem tão torradas, mas tão torradas que depois faziamos histórias à volta do queimado e de como iriamos ficar com cancro por as estarmos a comer. Lembro-me de ir estudar para a biblioteca na manhã do próprio teste porque não tinha pegado nos livros antes. Do taco de bilhar do prof. Falcão e da sua voz nasalada que o meu irmão imita na perfeição, também ele com muitas memórias e ainda mais que eu porque não esteve lá só 5 anos, mas 9. Lembro-me das festas de Natal e de fim de ano, das coreografias que fazíamos para apresentar... One night in Bangcok... , de haver pessoal que se embebedava com Green Sands no bar. De gostarmos imenso de ser da 2ª volta das carrinhas porque assim ficávamos mais tempo no colégio quer de manhã antes do toque de entrada quer à tarde: Mais recreio, mais colégio: fixe! Do próprio do toque de entrada. Tan tan tan tan... (impossível dar a entoação, só mesmo para quem conhece). De estar doida para que chegassem as aulas depois dos meses de férias porque estar no colégio era muito mais giro que estar de férias...

Um dia gostava que a minha filha tivesse de alguma escola as mesmas boas memórias que eu guardo do Colégio. Foram só 5 anos mas 5 anos muito preenchidos, recheados, ricos em tudo. Em amizade, em brincadeiras, em partidas, em paixões de criança (porque naquela altura com 14 anos ainda se era criança), em aventuras, em excursões e visitas de estudo, mas também em muito bom ensino, professores espectaculares, uma verdadeira família e muita muita diversão. Uma escola de vida! Como o Filipe bem comentava no sábado: isto não é apenas um colégio, isto é muito à frente!


Se alguém que me lê, lá tiver andado, que se acuse. Todos são bem vindos na Associação dos Antigos Alunos!

Adenda 1 - lembrei-me entretanto da baba e ranho que toda a gente chorou no último dia de aulas do 9º ano, principalmente os rapazes! De como eu e Ana fizemos força para não chorar porque tinhamos a certeza que era um até breve, não um adeus. Das ideias mirabolantes que arranjávamos para tirar fotografias aos rapazes que gostávamos (do género uma de nós ir lá pôr-se mesmo ao lado a fingir que era a ela que estávamos a tirar a fotografia).

5 comentários:

Ana Rangel disse...

Fantástico! :)

(eu não andei lá mas fiquei com vontade...)

Firehawk disse...

já vi que a escolinha foi mesmo boa. Esqueceste-te foi de contar pormenores de reunião em si mesma!

Rita disse...

As recordações são do melhor :)

Inês disse...

:) É sempre bom recordar os bons velhos tempos. Eu também andei num colégio do qual tenho óptimas recordações, a minha melhor amiga (que considero como irmã) encontrei-a lá e nos primeiros meses eramos colegas de carteira e enimigas de estimação, a vida dá muitas voltas. Tenho tantas saudades desses tempos, como era boa a vida de estudante :).

Anónimo disse...

lembrei-me de acrescentar algo...O Ricardo conseguiu fazer com que duas pessoas ficassem a adorar Xutos. Uma foste tu e outra fui eu. Lembro-me de me cantar o circo de feras, a música que eu mais adoro dos Xutos e a que me traz mais recordação. A outra musica é o Homem do Leme...se fizessemos um jogo para associar à pessoa eras tu. A letra está nas minhas fitas de finalistas (escrita por ti), cantámo-la no teu casamento...é a tua música!!